Dra. Glauce Cérgoli

Diarréia na criança e no bebê

A diarréia na criança e no bebê se caracteriza pelo aumento do número de evacuações ou diminuição da consistência das fezes, podendo as fezes ser amolecidas ou líquidas. Pode ter diferentes causas, sendo a mais comum a causa viral. A diarreia é um sintoma que pode ser causado por várias doenças diferentes.

dor de barriga em criança

pediatra

Causa da diarréia na criança e no bebê

Existem inúmeras causas para a diarréia na criança:

  • Viral: Rotavírus, Norovírus, Coronavírus, entre outros;
  • Bacteriana: Shigella ( mais comum), Salmonella, E. Coli, entre outras;
  • Protozoários: Ameba, Giárdia lamblia, entre outros;
  • Dietética: intolerâncias alimentares à lactose, por exemplo;
  • Medicamentos: antibióticos, laxativos;
  • Alérgicas: alergia à proteína do leite de vaca, da soja ou de outros alimentos;
  • Funcionais: diarreia funcional do lactente e pré-escolar, síndrome do intestino irritável;
  • Inflamatórias autoimunes: doença de Crohn, colite ulcerativa;
  • Outras causas: doença celíaca, fibrose cística (mucoviscidose), doenças genéticas raras;

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Duração da diarréia na criança e no bebê

As diarreias podem ser classificadas em dois tipos:

  1. Diarréia aguda: quando a duração é menor de 14 dias ( mais comum);
  2. Diarréia persistente: quando a duração é maior do que 14 dias;
  3. Diarréia crônica: quando a duração é maior que 30 dias. Neste caso, sempre precisa ser investigada a causa, e tratar de forma adequada, de acordo com a etiologia ( causa).

A diarreia aguda geralmente é de causa infecciosa (gastroenterite aguda), sendo o tipo mais comum de diarréia. É comum cursar com vômitos e febre. A grande perda de líquido nas fezes e os vômitos frequentemente provocam a desidratação, que é a principal complicação. A diarreia aguda geralmente é causada por vírus, bactérias e parasitas intestinais.

A grande maioria da diarréia aguda tem causa viral, não sendo necessário outro tipo de tratamento, como antibiótico.

A diarreia crônica pode ter diferentes causas e quando provoca má absorção intestinal, as consequências mais temidas são: desnutrição, parada de crescimento, anemia e outras deficiências.

Uma das causas mais frequentes de diarreia crônica é a diarreia funcional, que felizmente não provoca desidratação, nem desnutrição.

A diarréia persistente e crônica precisa ser investigada, podendo ser o início de um quadro de uma alergia ao leite por exemplo, ou intolerância à lactose.

diarréia na criança

Fatores de risco para diarréia na criança e no bebê

Os fatores de risco para adquirir diarreia aguda são: contato com pessoas com diarreia infecciosa; viver em condições de higiene precária; ausência de aleitamento materno ou desmame precoce. O aleitamento materno diminui a frequência de episódios de diarreia na vida da criança e também está associado com evolução menos grave e menor necessidade de hospitalização.

É fundamental prevenir e reconhecer os sinais típicos de desidratação: ausência de lágrimas, olhos fundos, pouca saliva (boca e língua secas), pele com aspecto murcho, diminuição do volume da urina, respiração mais acelerada e curta, extremidades frias e pulso fraco. Essa é, portanto, uma complicação preocupante que precisa ser avaliada e tratada.

diarréia no bebê

Tratamento da diarréia na criança e no bebê

Os principais objetivos do tratamento são a prevenção da desidratação e desnutrição. Isto é conseguido com a oferta correta de líquidos, do soro de reidratação oral e a alimentação adequada. É preciso lembrar que a desidratação exige avaliação médica para determinar o grau e repor ou corrigir as perdas de líquidos. É importante sempre observar a perda de peso e os sinais de desidratação ou piora da diarreia, procurar atendimento médico para reavaliar a criança sempre que necessário. O soro de reidratação oral deve ser o tratamento de preferência, mas alguns casos necessitam hidratação venosa.

Em geral, não é necessário o uso de medicações rotineiramente. É importante lembrar que antibióticos não devem ser utilizados em crianças saudáveis com diarréia, pois esta vai se curar sozinha. Os antibióticos alteram a flora intestinal normal da criança e são prescritos pelos pediatras apenas em situações especiais. Em algumas situações pode estar indicado medicamento para controlar os vômitos.

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Portanto, o que se usa no tratamento da diarréia não complicada:

  • Aumento da oferta de líquidos: água, soro de reidratação oral ( para prevenção de desidratação);
  • Zinco: o zinco é utilizado em crianças com diarréia, pois de acordo com estudos, ele ajuda a diminuir a duração da diarréia e a probabilidade de ter diarréia nos meses seguintes;

E , a critério, pode ser utilizado como coadjuvante no tratamento, isto é, pode ser utilizado ou não:

  • Probióticos: podem diminuir em até 24 hs a duração da diarréia;
  • Outras medicações: que podem ser utilizadas como coadjuvantes no tratamento.

Prevenção da diarréia na criança e no bebê

Como forma de prevenção a este problema, o que pode ser feito?

1) Estimular o aleitamento materno;

2) Manter a alimentação habitual;

3) Oferecer volumes pequenos de alimentos em intervalos curtos;

4) Evitar contato com pessoas com diarreia infecciosa;

5) Assegurar condições de higiene adequada

6) Manter a criança hidratada.

7) Garantir acesso à vacina contra o Rotavírus

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Alergia ao leite (APLV)

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Alergia à proteína do leite de vaca ( APLV) 

 

A alergia ao leite, ou alergia à proteína do leite de vaca (APLV), é uma reação anormal ao leite, podendo se manifestar de diversas formas, com a ingestão do leite de vaca pelo bebê,  ou através do leite materno ( pela ingestão de leite pela mãe). 

Sintomas: alergia ao leite (APLV)

ALERGIA ao leite

 

A alergia à proteína do leite ( APLV) pode se manifestar de diversas formas: 

  • Diarréia,  ou sangue, ou muco nas fezes. 
  • Cólica intensa, sem melhora com as medidas comuns. 
  • Assaduras constantes.  
  • Dermatite: alergia na pele 
  • Irritação, choro intenso. 
  • Perda de peso, ou baixo ganho de peso. 
  • Manifestações respiratórias. 

Diagnóstico da alergia ao leite (APLV)

Não existem exames para diagnóstico da alergia à proteína do leite de vaca em bebês.  

O diagnóstico se faz pela exclusão do leite de vaca da alimentação e consequente remissão dos sintomas.  

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Tratamento da alergia ao leite (APLV)

Para o bebê que está em aleitamento materno,  se faz a exclusão do leite de vaca da alimentação materna. 

Para o bebê que está com fórmula láctea,  é trocada a fórmula para uma específica que não contém a proteína intacta do leite.

Após um tempo com a alimentação adequada,  os sintomas regridem. 

Desta forma, se confirma o diagnóstico de alergia à proteína do leite de vaca (APLV). 

O tratamento deve ser mantido por um longo período,  a depender de cada caso e intensidade dos sintomas.  Após este período,  que pode durar meses ou anos (geralmente os primeiros anos de vida), conseguimos ir retornando com o leite de forma gradativa. 

Lembrando que cada caso é tratado de forma individualizada, avaliando cada paciente.  

APLV

Alergia é diferente de intolerância: 

A alergia à proteína do leite de vaca é diferente da intolerância à lactose. 

A intolerância à lactose geralmente acontece em adultos ou crianças maiores, e o tratamento é a retirada da lactose somente,  portanto,  neste caso,  a pessoa pode ingerir leite de vaca sem lactose.  

Já na alergia à proteína (APLV) é necessário retirar a proteína do leite da alimentação.  

Também,  a APLV acontece em bebês. 

Retirar somente a lactose neste caso não faz regredir os sintomas do paciente.  

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Leia mais em:  

https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/doencas/alergia-ao-leite-de-vaca

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