O Autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do desenvolvimento neurológico, caracterizado por dificuldade de comunicação e interação social, e pela presença de comportamentos restritos e/ou repetitivos.

Dra Glauce é médica pediatra, formada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Jundiaí, realizou Residência médica em Pediatria, na Unicamp, e atualmente é Professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina de Jundiaí. Possui mais de 15 anos de experiência, além de ser médica pediatra da Prefeitura de Jundiaí.
Como pediatra com vários anos de experiência, meu compromisso é proporcionar um atendimento cuidadoso e personalizado a cada criança e sua família. Acredito na importância de um ambiente acolhedor e de uma abordagem holística para promover o desenvolvimento saudável e o bem-estar dos pequenos pacientes. – Dra Glauce Cérgoli
Dra Glauce é médica pediatra e em sua consultas de rotina sempre avalia o desenvolvimento da criança e se possui atraso ou desvios. Quando identificado algum atraso ou desvio do desenvolvimento, a doutora encaminha ao especialista para avaliação e estímulos adequados.

A gravidade da sua apresentação é variável, caracterizando os níveis de suporte 1, 2 e 3.
Trata-se de um transtorno permanente, porém, com a intervenção precoce, pode-se alterar o prognóstico e suavizar os sintomas.
Os sinais e sintomas geralmente estão presentes nos primeiros anos de vida, quando se tornam mais evidentes; antes de 1 ano, os sinais podem estar presentes, mas de forma mais sutil, desta forma, sendo raro o diagnóstico muito precoce.
Apesar de estudos demonstrarem que quanto antes o diagnóstico, melhor o prognóstico, o diagnóstico em média acontece por volta dos 4 a 5 anos de idade, devido à demora na consulta com especialistas.
A busca por sinais precoces do autismo tem sido uma área com intensa investigação científica.
Sinais sugestivos de autismo
São sinais sugestivos no primeiro ano de vida:
(Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria)
- Perder habilidades já adquiridas, como contato visual ou sorriso social;
- Não se voltar para sons, ruídos ou vozes no ambiente;
- Não apresentar sorriso social;
- Baixo contato visual, não sustenta olhar;
- Baixa atenção ao rosto humano (preferência por objetos);
- Maior interesse por objetos que por pessoas;
- Não seguir objetos e pessoas próximas em movimento;
- Apresentar pouca ou nenhuma vocalização;
- Não aceitar o toque;
- Não responder ao nome;
- Pouca imitação;
- Baixa frequência de sorriso e iniciativa de socialização;
- Interesses não usuais;
- Incômodo incomum com sons altos;
- Distúrbio de sono moderado ou grave;
- Irritabilidade ao colo e pouca responsividade à amamentação;
- Quieto demais ou muito irritadiço;
- Preferência por dormir sozinho;
- Indiferença com ausência dos pais ou cuidadores;
- Não seguir o dedo da mãe ao apontar um objeto aos 12 meses.
A avaliação do Desenvolvimento neuropsicomotor é fundamental e faz parte do atendimento pediátrico.
Nos últimos anos, houve um aumento do número de casos de TEA. Esse aumento se deve principalmente ao aumento do número de diagnósticos, devido à ampliação de métodos diagnósticos compatíveis.
A prevalência é maior em meninos do que em meninas, na proporção de 4:1.
Estima-se que em torno de 30% dos casos de TEA apresente deficiência intelectual.
O TEA também é frequentemente associado a outros transtornos como: TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), depressão, ansiedade.
Dificuldades motoras são também relativamente comuns em indivíduos com TEA. Quando é detectado qualquer atraso, a estimulação precoce é a regra. Um atraso na estimulação significa perder o período ótimo para a criança adquirir habilidades.
Causa e diagnóstico do autismo
Assim que uma criança apresente atrasos ou desvios no desenvolvimento neuropsicomotor, ela deve ser estimulada e encaminhada para avaliação com Neuropediatra.
O TEA é causado por uma combinação de fatores genéticos e ambientais, incluindo, entre outros, a idade avançada dos pais no momento da concepção.
Com o rápido aumento da prevalência do autismo, muitos pais tem tido dificuldade no diagnóstico precoce para início das intervenções precoces, prejudicando o desenvolvimento da criança.
O diagnóstico tardio e a consequente intervenção atrasada causam prejuízos no desenvolvimento global da criança.
O primeiro profissional geralmente procurado é o pediatra, profissional que acompanha os marcos de desenvolvimento da criança, e está apto a avaliar se a criança apresenta algum atraso ou desvio do desenvolvimento neuropsicomotor.
Ao notar algum dos sinais, a família deve ser orientada quanto à estimulação da criança e encaminhada à avaliação especializada.
O diagnóstico de TEA é clínico, através dos sinais apresentados e avaliações especializadas.
Sinais:
-Ecolalia
-Pouco interesse em pessoas
– ausência de resposta ao seu nome
– não ter noção de perigo
– não apontar aos 12 meses
– comportamentos repetitivos
– enfileirar brinquedos
– baixo contato visual
– seletividade Alimentar
– parece não ouvir
– sem brincadeiras imaginárias
– estereotipias motoras (movimentos repetitivos anormais)
– apego a rotinas (mesmo caminho, mesma comida)
– interesses fixos, hiperfoco em coisas, como música, dinossauro, trem.
– alta ou baixa reatividade a estímulos sensoriais, ou interesse incomum em aspectos sensoriais, como lamber, cheirar, não tem dor.
– não apontar objetos para mostrar interesse aos 14 meses
– interesse por partes dos objetos ( rodas)
– enfileirar e empilhar
– não brincar de fingir que está alimentando uma boneca aos 18 meses
– reações incomuns a barulhos e odores
– movimento das mãos, balanço ou giro do corpo
– não compreendem sarcasmo, piada
Comorbidades associadas
As manifestações clínicas mais frequentemente associadas ao TEA são:
- Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade em 74% dos casos
- Transtornos de ansiedade, episódios depressivos
- Deficiência intelectual
- Déficit de linguagem
Questões sensoriais no TEA :
Crianças com TEA respondem a estímulos sensoriais de forma diferente, causando certo impacto em sua vivência diária.
Os principais comportamentos observados em crianças com TEA:
- Baixa energia/fraqueza: não consegue carregar objetos pesados, pouca força.
- Sensibilidade tátil ao movimento: reage agressivamente ao toque, evita andar descalço, especialmente na grama ou areia.
- Sensibilidade gustativa/olfativa: come apenas alguns sabores, escolhe alimentos pela textura. Evita alguns sabores e cheiros.
- Sensibilidade auditiva/visual: não consegue trabalhar com barulho ao fundo, tampa os ouvidos com as mãos; fica incomodado com luzes brilhantes, cobre os olhos para protegê-los.
- Procura sensorial/distração: fica muito excitado com atividades com movimento, tem dificuldade em prestar atenção;
- Baixa resposta: não responde quando chamado pelo nome, parece não ouvir o que lhe é falado.
Tratamento
Intervenção precoce
O tratamento padrão-ouro é a Intervenção precoce, que deve ser iniciada assim que tiver a suspeita ou diagnóstico.
O tratamento deve envolver a equipe de saúde, a equipe pedagógica e a família.
Equipe interdisciplinar
As terapias trabalhadas incluem:
- Psicologia
- Fonoaudiologia
- Terapia ocupacional
- Psicopedagogia
- Assistência social
- Fisioterapia
- Educação física
A função do pediatra no autismo
O pediatra é o médico que acompanha a Criança desde o nascimento, portanto o pediatra avalia o Desenvolvimento Global Da criança.
Sendo assim, qualquer atraso ou desvio do desenvolvimento da criança, o pediatra é o primeiro profissional a ter essa suspeita e então, orientar estimulação do desenvolvimento, e encaminhar ao especialista.