Dra. Glauce Cérgoli

O Autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do desenvolvimento neurológico, caracterizado por dificuldade de comunicação e interação social, e pela presença de comportamentos restritos e/ou repetitivos. 

Autismo

pediatra

A gravidade da sua apresentação é variável, caracterizando os níveis de suporte 1, 2 e 3.  

Trata-se de um transtorno permanente, porém, com a intervenção precoce, pode-se alterar o prognóstico e suavizar os sintomas.  

Os sinais e sintomas geralmente estão presentes nos primeiros anos de vida, quando se tornam mais evidentes; antes de 1 ano, os sinais podem estar presentes, mas de forma mais sutil, desta forma, sendo raro o diagnóstico muito precoce. 

Apesar de estudos demonstrarem que quanto antes o diagnóstico, melhor o prognóstico, o diagnóstico em média acontece por volta dos 4 a 5 anos de idade, devido à demora na consulta com especialistas. 

A busca por sinais precoces do autismo tem sido uma área com intensa investigação científica.  

Sinais sugestivos de autismo

autismo

São sinais sugestivos no primeiro ano de vida:  

(Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria) 

  • Perder habilidades já adquiridas, como contato visual ou sorriso social; 
  • Não se voltar para sons, ruídos ou vozes no ambiente; 
  • Não apresentar sorriso social; 
  • Baixo contato visual, não sustenta olhar; 
  • Baixa atenção ao rosto humano (preferência por objetos); 
  • Maior interesse por objetos que por pessoas; 
  • Não seguir objetos e pessoas próximas em movimento;  
  • Apresentar pouca ou nenhuma vocalização; 
  • Não aceitar o toque; 
  • Não responder ao nome;  
  • Pouca imitação; 
  • Baixa frequência de sorriso e iniciativa de socialização; 
  • Interesses não usuais; 
  • Incômodo incomum com sons altos; 
  • Distúrbio de sono moderado ou grave; 
  • Irritabilidade ao colo e pouca responsividade à amamentação;  
  • Quieto demais ou muito irritadiço; 
  • Preferência por dormir sozinho;  
  • Indiferença com ausência dos pais ou cuidadores; 
  • Não seguir o dedo da mãe ao apontar um objeto aos 12 meses.

AUTISMO

A avaliação do Desenvolvimento neuropsicomotor é fundamental e faz parte do atendimento pediátrico. 

Nos últimos anos, houve um aumento do número de casos de TEA. Esse aumento se deve principalmente ao aumento do número de diagnósticos, devido à ampliação de métodos diagnósticos compatíveis.  

A prevalência é maior em meninos do que em meninas, na proporção de 4:1. 

Estima-se que em torno de 30% dos casos de TEA apresente deficiência intelectual.  

O TEA também é frequentemente associado a outros transtornos como: TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), depressão, ansiedade. 

Dificuldades motoras são também relativamente comuns em indivíduos com TEA. Quando é detectado qualquer atraso, a estimulação precoce é a regra. Um atraso na estimulação significa perder o período ótimo para a criança adquirir habilidades.  

Causa e diagnóstico do autismo

Assim que uma criança apresente atrasos ou desvios no desenvolvimento neuropsicomotor, ela deve ser estimulada e encaminhada para avaliação com Neuropediatra.  

O TEA é causado por uma combinação de fatores genéticos e ambientais, incluindo, entre outros, a idade avançada dos pais no momento da concepção.  

Com o rápido aumento da prevalência do autismo, muitos pais tem tido dificuldade no diagnóstico precoce para início das intervenções precoces, prejudicando o desenvolvimento da criança. 

O diagnóstico tardio e a consequente intervenção atrasada causam prejuízos no desenvolvimento global da criança. 

O primeiro profissional geralmente procurado é o pediatra, profissional que acompanha os marcos de desenvolvimento da criança, e está apto a avaliar se a criança apresenta algum atraso ou desvio do desenvolvimento neuropsicomotor.  

Ao notar algum dos sinais, a família deve ser orientada quanto à estimulação da criança e encaminhada à avaliação especializada. 

O diagnóstico de TEA é clínico,  através dos sinais apresentados e avaliações especializadas. 

TEA

Sinais: 

-Ecolalia 

-Pouco interesse em pessoas  

– ausência de resposta ao seu nome 

– não ter noção de perigo  

– não apontar aos 12 meses 

– comportamentos repetitivos 

– enfileirar brinquedos  

– baixo contato visual  

– seletividade Alimentar 

– parece não ouvir  

– sem brincadeiras imaginárias 

– estereotipias motoras (movimentos repetitivos anormais) 

– apego a rotinas (mesmo caminho, mesma comida) 

– interesses fixos, hiperfoco em coisas, como música,  dinossauro,  trem. 

– alta ou baixa reatividade a estímulos sensoriais,  ou interesse incomum em aspectos sensoriais,  como lamber, cheirar, não tem dor. 

– não apontar objetos para mostrar interesse aos 14 meses 

– interesse por partes dos objetos ( rodas) 

– enfileirar e empilhar 

– não brincar de fingir que está alimentando uma boneca aos 18 meses 

– reações incomuns a barulhos e odores 

– movimento das mãos,  balanço ou giro do corpo 

– não compreendem sarcasmo,  piada 

Comorbidades associadas

As manifestações clínicas mais frequentemente associadas ao TEA são: 

  1. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade em 74% dos casos 
  1. Transtornos de ansiedade,  episódios depressivos 
  1. Deficiência intelectual  
  1. Déficit de linguagem  

Questões sensoriais no TEA : 

Crianças com TEA respondem a estímulos sensoriais de forma diferente,  causando certo impacto em sua vivência diária.  

Os principais comportamentos observados em crianças com TEA: 

  1. Baixa energia/fraqueza: não consegue carregar objetos pesados, pouca força.  
  1. Sensibilidade tátil ao movimento: reage agressivamente ao toque, evita andar descalço,  especialmente na grama ou areia.  
  1. Sensibilidade gustativa/olfativa: come apenas alguns sabores, escolhe alimentos pela textura.  Evita alguns sabores e cheiros. 
  1. Sensibilidade auditiva/visual: não consegue trabalhar com barulho ao fundo,  tampa os ouvidos com as mãos; fica incomodado com luzes brilhantes, cobre os olhos para protegê-los. 
  1. Procura sensorial/distração: fica muito excitado com atividades com movimento,  tem dificuldade em prestar atenção;  
  1. Baixa resposta: não responde quando chamado pelo nome, parece não ouvir o que lhe é falado. 

Tratamento

Intervenção precoce  

O tratamento padrão-ouro é a Intervenção precoce,  que deve ser iniciada assim que tiver a suspeita ou diagnóstico.  

O tratamento deve envolver a equipe de saúde,  a equipe pedagógica e a família.  

Equipe interdisciplinar  

As terapias trabalhadas incluem:  

  • Psicologia  
  • Fonoaudiologia  
  • Terapia ocupacional  
  • Psicopedagogia 
  • Assistência social  
  • Fisioterapia  
  • Educação física  

A função do pediatra no autismo  

O pediatra é o médico que acompanha a Criança desde o nascimento, portanto o pediatra avalia o Desenvolvimento Global Da criança. 

Sendo assim,  qualquer atraso ou desvio do desenvolvimento da criança,  o pediatra é o primeiro profissional a ter essa suspeita e então,  orientar estimulação do desenvolvimento,  e encaminhar ao especialista.  

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